Garota, suéter e rosas.

Ela era diferente de todas a garotas da escola, ela se vestia diferente, falava diferente, se comportava diferente. Nenhum garoto a tinha cumprimentado, nem falado o quão bonita era. Seu nome apenas era comentado no grupo de estudo aonde conseguia ter alguns amigos. Usava um coque, um sueter, e um vestido simples. Carregava livros em seus braços, e sempre cabisbaixa era motivo de provocações das lideres de torcida. Não se importava com isso, pois ela mesma sabia que era diferente, era uma parte boa de todas as outras, mesmo que não usasse um saia minuscula, uma blusa decotada, nem maquigens. Não precisava ficar correndo atrás dos jogadores populares de basquet da escola, para chamar a atenção. Ela seria amada do jeito que era. Simples e inteligente, estudava para conseguir uma vaga na universidade mais concorrida da cidade, passava suas tardes mergulhada nos livros, sua noites escrevendo e resolvendo trabalhos. Ela podia ser diferente em alguns aspectos, mas ela era uma garota, tinha sentimentos, possuia um coração, suspirava de segundo em segundo perguntando a si mesma se algum menino gostava dela. Decidiu então sentar-se de frente ao espelho de seu quarto, e delicadamente soltou seu cabelo. Pegou uma caixa e de dentro dela retirou um estojo de maquiagem, mas não teve coragem de abrir. Firmemente refez o coque e voltou a estudar, e bem baixinho quase num sussurro comentou com ela mesma "Ele vai gostar de mim do jeito que eu sou". O tempo se passou, e numa bela tarde um garoto a chamou para conversar, ainda sem jeito com seus livros na mão, ela apenas perguntou a ele: " porque eu?" ele olhando dentro de seus olhos castanhos respondeu "porque você é a única garota que eu amo, a única rosa do jardim que não tem espinhos." Ela sorriu, e mesmo sem entender respondeu-lhe " Você é o jardineiro que já colheu muitas rosas, como posso confiar em você?" ele sorrindo completou " Eu já colhi rosas que me machucaram com seus espinhos, e que logo murcharam, você é a única que permaneceu de pé durante todas as tempestades sem perder a graça, e a beleza. Eu aprendi com as dores, com os erros, mas te escolhi, porque você é pura. Você é a única rosa que desabrochou." Ela sorriu, e beijou o homem da sua vida. Ela não precisou de nada, sempre foi ela mesma. Conseguiu a universidade, conseguiu seu amor, conseguiu seus sonhos. Ela só precisou ficar no seu lugar o tempo todo.